Estudos do software

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Se procura aproximações técnicas sobre softwares, veja Engenharia de software.

Os Estudos do software (do inglês: Software studies) formam um campo de pesquisa acadêmica que estuda os softwares, seus sistemas e seus efeitos culturais.

Sobre

Os Estudos do Software pertencem a uma área temática interdisciplinar, aproximando a concepção do software como um artefato técnico com a área das humanidades e das Ciências Sociais, tais como Processos Comunicacionais do Software, História do Software, Crítica de software arte, sociologia do software e as aproximações entre os estudos culturais e o software.

O Estudo do Software é um campo emergente na área acadêmica e cultural. As referências teóricas, institucionais e bibliográficas sobre o tema ainda são bastante recentes e o livro mais atual sobre o tema é a coletânea de artigos organizados por Matthew Fuller denominado "Software Studies: a Lexicon",[1] o primeiro grupo de estudos acadêmicos é o "Software Studies Initiative" na University of California San Diego - UCSD,[2] dirigido por Lev Manovich e Noah Wardrip-Fruin e as primeiras conferências sobre o tema foram o Software Studies Workshop 2006 e SoftWhere 2008.[3][4] O grupo de Software Studies abriu o seu primeiro núcleo de pesquisas fora dos Estados Unidos na cidade de São Paulo, Brasil, sob a coordenação de Cicero Silva. Em 2008 a editora do MIT deu início a série dedicada aos Estudos do Software[5]. Os livros publicados pela série incluem Software Studies: a lexicon, de Matthew Fuller[6], Expressive Processing: Digital Fictions, Computer Games, and Software Studies de Noah Wardrip-Fruin (2009),[7] Programmed Visions: Software and Memory de Wendy Hui Kyong Chun (2011),[8] e Code/Space: Software and Everyday Life de Rob Kitchin e Martin Dodge (2011).[9]. Em 2011 um grupo de pesquisadores da Inglaterra iniciou uma revista aberta dedicada ao tema, chamada Computational Culture[10]. No Brasil, o grupo de pesquisa em Estudos do Software iniciou a publicação da revista SoftCult[11], dedicada aos estudos do software.

Os objetivos dos Estudos do Software são quase sempre diferenciados dos da área da Ciência da Computação e da Engenharia de Software, que se preocupam inicialmente com o software aplicado à teoria da informação e com as aplicações práticas do software. Esses campos enfatizam a aprendizagem computacional, particularmente nas áreas de programação e codificação. Essa ênfase em analisar as fontes dos softwares e os seus processos (em vez de analisar simplesmente a interface) geralmente distingue os Estudos Culturais do Software dos estudos acadêmicos ligados às novas mídias, que estão geralmente presos e restritos às discussões sobre as interfaces e os efeitos observáveis gerados pelo computador.

Exemplos

Um exemplo da inserção dos estudos do software na análise do código fonte é o Manifesto de Mark Marino "Critical Code Studies".[12] Os Estudos Culturais do Software podem analisar não só os tópicos ligados à leitura do código, mas também a escrita de códigos de programação. Um exemplo aprofundado dessa análise é o livro Expressive Processing de Noah Wardrip-Fruin,[13] dedicado aos estudos culturais do software e que utilizou pela primeira vez um sistema de peer review experimental conduzido completamente on-line, através de um sistema de comentários em um blog desenvolvido pelo Instituto para o Futuro do Livro (Institute for the Future of the Book).[14]

Bibliografia (em português)

Manovich, Lev. Sobre Softwares Studies. San Diego, Software Studies, 2008. Trad. de Cicero Silva.

Manovich, Lev. Estudos do Software. San Diego, SWS, 2009. Trad. de Cicero Silva.

Manovich, Lev. Analítica Cultural. San Diego, SWS, 2009. Trad. de Cicero Silva.

Silva, Cicero. Não há nada fora do software. San Diego, SWS, 2008.

Silva, Cicero. A era da infoestética. Entrevista com Lev Manovich. San Diego, SWS, 2008. Publicado originalmente na revista Trópico do UOL.

Bibliografia (em inglês)

  1. Bassett, C. (2007) The Arc and the Machine: Narrative and New Media. Manchester:Manchester University Press.
  2. Black, M. J, (2002) The Art of Code. PhD dissertation, University ofPennsylvania.
  3. Berry, D. M. (2011) The Philosophy of Software: Code and Mediation in the Digital Age, Basingstoke: Palgrave Macmillan.
  4. Berry, D. M. (2008) Copy, Rip, Burn: The Politics of Copyleft and Open Source, London: Pluto Press.
  5. Chopra, S. and Dexter, S. (2008) Decoding Liberation: The Promise of Free and Open Source Software. Oxford: Routledge.
  6. Chun, W. H. K. (2008) ‘On “Sourcery,” or Code as Fetish’, Configurations, 16:299–324.
  7. Fuller, M. (2003) Behind the Blip: Essays on the Culture of Software. London: Autonomedia.
  8. Fuller, M. (2006) Software Studies Workshop, retrieved 13/04/2010
  9. Fuller, M. (2008) Software Studies\A Lexicon. London: MIT Press.
  10. Hayles, N. K. (2004) ‘Print Is Flat, Code Is Deep: The Importance of Media-Specific Analysis’, Poetics Today, 25(1): 67–90.
  11. Heim, M. (1987) Electric Language: A Philosophical Discussion of Word Processing. London: Yale University Press.
  12. Kirschenbaum, M. (2004) ‘Extreme Inscription: Towards a Grammatology of the Hard Drive’, TEXT Technology, No. 2, pp. 91–125.
  13. Kittler, F. (1997). Literature, Media, Information Systems, Johnston, J. (ed.). Amsterdam: OPA.
  14. Kittler, F. (1999) Gramophone, Film, Typewriter. Stanford: Stanford University Press.
  15. Mackenzie, A. (2003) The problem of computer code: Leviathan or common power, retrieved 13/03/2010 from http://www.lancs.ac.uk/staff/mackenza/papers/code-leviathan.pdf
  16. Mackenzie, A. (2006) Cutting Code: Software and Sociality, Oxford: Peter Lang.
  17. Manovich, L. (2001) The Language of New Media. London: MIT Press.
  18. Manovich, L. (2008) Software takes Command, retrieved 03/05/2010
  19. Manovich, L. and Douglas, J. (2009) Visualizing Temporal Patterns In Visual Media: Computer Graphics as a Research Method, retrieved 10/10/09
  20. Marino, M. C. (2006) Critical Code Studies, Electronic Book Review, accessed 16 Sept 2011
  21. Montfort, N. and Bogost, I. (2009) Racing the Beam: The Atari Video Computer System, London: MIT Press.
  22. Wardrip-Fruin, N. (2011) Expressive Processing. London: MIT Press.

Referências

  1. Fuller, Matthew (2008). Software Studies: a lexicon. [S.l.]: The MIT Press 
  2. Software Studies Initiative @ UCSD website
  3. Software Studies Workshop Rotterdam 2006 website
  4. SoftWhere: Software Studies Workshop San Diego 2008 website. O grupo de Software Studies (Estudos do Software) abriu recentemente seu primeiro grupo fora dos Estados Unidos, na cidade de São Paulo, Brasil.
  5. http://web.archive.org/web/20100803154024/http://mitpress.mit.edu/catalog/browse/browse.asp?btype=6&serid=179
  6. http://mitpress.mit.edu/catalog/item/default.asp?ttype=2&tid=11476
  7. http://web.archive.org/web/20110228022806/http://mitpress.mit.edu/catalog/item/default.asp?ttype=2&tid=11872
  8. http://mitpress.mit.edu/catalog/item/default.asp?ttype=2&tid=12570
  9. http://mitpress.mit.edu/catalog/item/default.asp?ttype=2&tid=12573
  10. http://computationalculture.net/
  11. http://www.ufjf.br/sws/revista-softcult
  12. Marino, Mark (4 de dezembro de 2006). «Critical Code Studies». Electronic Book Review 
  13. "Wardrip-Fruin, Noah (2009). «Expressive Processing». The MIT Press 
  14. Young, Jeffrey R. (1 de fevereiro de 2008). «Blog Comments vs. Peer Review: Which Way Makes a Book Better?». The Chronicle of Higher Education. Washington D.C. pp. A20 

Ver também